Roberto Salum, ex-diretor do Procon de Santa Catarina, foi alvo de nova denúncia por assédio sexual, segundo confirmou a Polícia Civil. No sábado (30/03) ele foi exonerado do cargo após a polícia receber o primeiro relato do crime, feito por uma funcionária do órgão.
A exoneração de Salum foi assinada pelo governador Jorginho Mello (PL). A defesa dele informou em nota que recebeu as notícias pela mídia e que não teve acesso aos boletins de ocorrência. Esclarecimentos serão prestados após ele se situar do caso, também afirma em nota.
Michele Rebelo, delegada regional da Polícia Civil da Grande Florianópolis, informou que a segunda vítima também é uma mulher e que também trabalha no Procon. A denúncia foi feita pelas redes sociais.
O depoimento, da segunda vítima, está previsto ainda para os próximos dias.
A primeira mulher a denunciar o então diretor já foi ouvida na última semana. Segundo o relato que conta no boletim de ocorrência, a primeira vítima contra que foi agarrada e beijada sem consentimento ao desviar o caminho enquanto o ex-diretor do Procon dava carona a ela até o Centro Administrativo do Estado.
“Conduziu o carro até uma casa na Palhoça, sob a alegação de buscar uma pasta. Chegando lá, Roberto pediu um beijo e, diante da negativa, agarrou a comunicante e lhe deu um beijo na boca”, diz o relato no documento.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o depoimento da segunda vítima será anexado ao inquérito em andamento, aberto em 27 de março.
“Tão logo a Polícia Civil tomou conhecimento, nós já instauramos (o inquérito). Independente de quem quer que seja, a gente vai apurar com todo rigor necessário quando envolve casos de abuso sexual na esfera da administração pública, porque essa é uma bandeira do governo”, relatou a delegada em entrevista a uma emissora de TV.
Manifestação da defesa de Roberto Salum
Após a denúncia do primeiro caso ser divulgada e do anúncio do afastamento do cargo, a defesa de Salum informou na sexta-feira (29/03) que concederia uma coletiva à imprensa nesta terça-feira (02/04), porém após a revelação do segundo caso, a entrevista foi cancelada e foi divulgada uma nota, assinada pelo advogado Gastão da Rosa Fillho.
“Eu e meu cliente tomamos conhecimento das denúncias pela mídia na Sexta-feira da Paixão, em pleno feriado. Na mesma hora, tentamos, sem sucesso, contato com a autoridade policial responsável pela apuração dos fatos. Até a manhã desta segunda-feira ainda não tivemos acesso ao BO de forma oficial, obtivemos apenas uma cópia através da imprensa.
Roberto Salum afirma que tudo começou depois que ele apurou desvios milionários no Procon-SC e foi alertado que sofreria represálias. Ele se coloca à disposição para prestar depoimento assim que tiver conhecimento de todo o conteúdo da acusação”.
A posição do Governo de Santa Catarina
Sobre os relatos, o governo do Estado informou que, ao saber da denúncia de “falta de decoro no exercício da função”, determinou o imediato afastamento do então diretor do Procon-SC.
“O Governador do Estado, ao tomar conhecimento de denúncia cujo conteúdo se refere à falta de decoro no exercício da função pelo Diretor Estadual do PROCON-SC, determinou o imediato afastamento do servidor e pediu a apuração célere dos fatos. O Governo do Estado não pactua com atos atentatórios à moral e aos bons costumes”.
Quem é Roberto Salum
Roberto Salum foi policial e apresentador de TV em Florianópolis. Ele apresentava programas populares no espaço reservado para atrações locais nos canais de televisão nacionais. Iniciou a carreira política como deputado estadual, em 2015. Nas eleições de 2018 concorreu a uma das duas vagas de senador por Santa Catarina, mas não foi eleito.
Dois anos depois, concorreu a eleição para prefeito em São José, na Grande Florianópolis, e também não foi eleito. Em 2022, foi candidato ao legislativo catarinense.
Salum foi uma escolha pessoal do governador Jorginho Mello (PL). Ambos são bolsonaristas e sua confirmação ao cargo ocorreu depois de uma reunião entre os dois na Casa D’Agronômica, residência do governo catarinense. Ele assumiu o cargo no Procon de Santa Catarina em fevereiro deste ano.
Em fevereiro de 2018, Salum já protagonizou um caso de discriminação que repercutiu pelo estado. Quando era deputado estadual deixou o púlpito da Assembleia Legislativa porque se recusava a debater com uma mulher. “Eu gostaria de debater com o marido dela que é homem, não com mulher”, disse à época. No caso, a mulher em questão era a deputada estadual Ana Paula Lima (PT). Ana Paula é hoje deputada federal.
